20.3.18

Sonae Indústria (adenda)

Hoje foi um bom dia para testar a velha máxima de a bolsa ser uma boa forma de aprendermos a não viver de ilusões e sermos capazes de analisar os dados da maneira o mais atenta e desapaixonada possível. Nos resultados da Sonae Arauco, que só tive hipótese de ver com mais atenção agora à noite, há dois aspetos que me parecem saltar à vista:

- as vendas aumentaram 12,4% em USD e 7,4% na quantidade de painéis, o lucro subiu de 2016 para 2017 10,2% em USD (estamos a considerar que 2016 só teve 7 meses de parceria), mas se virmos em EUR a subida do lucro foi de apenas cerca de 5% por causa da valorização da moeda europeia;

- eu não sou contabilista e, por isso, posso estar a fazer confusão, mas fica-se com a ideia de que a dívida da parceria aumentou em 75 M€, ou seja 37,5 milhões à conta da SONI.

Além de a subida dos lucros não ter sido particularmente famosa, creio que este último número, se se confirmar, deve ter assustado muito boa gente e provocado algum pânico. Creio que o incêndio nas duas fábricas portuguesas pode ter contribuído para este aumento do endividamento (com juros tão baixos é prática lógica e corrente), mas pode haver algum conforto no facto de estarem os danos e as vendas perdidas cobertas por seguros. Mas é possível que muita gente no mercado se tenha afligido com a ideia de a gigante Arauco obrigar a SONI a investimentos demasiado arrojados e a um aumento da dívida que seja insustentável para uma empresa de um país tão endividado como o nosso. Enfim, tudo é possível!

Numa empresa que leva uma valorização bastante expressiva em pouco mais de um ano, com um gráfico que apresentava debilidades como as que assinalamos no texto anterior, com o baixo volume de ofertas de compra e de venda, haver tanta gente em pânico a despachar ao melhor costuma levar ao resultado que vimos hoje. Nesse aspeto, amigos, todos sabem como a coisa regula: é cada um por si e o diabo contra nós!

Entretanto, a Arauco deu uma conferência da imprensa, de onde citamos o seguinte:

- Europe: demand remains strong giving room for price increases and continue conversion to higher value products;

- North America: Housing Starts Index at 1.3 million units per year as of January, showing its maximum level throughout the last 12 months. • MDF: demand remains stable and no major changes are expected. • MDF moldings: inventories have increased in certain regions, however sales remain stable. • Remanufactured products: competition from China and Brazil remains strong, placing some pressure over prices. We are expecting improvements by seasonality. • Plywood: demand remains strong with continued conversion from Chinese Hardwood due to duties imposed.

O que há a fazer agora? Mantemos o que dissemos antes: do ponto de vista técnico, não gostávamos de a ver fechar abaixo dos 3,5€ (3,49 é o mesmo) porque isso colocaria o título na rota dos 3,20 e depois dos 2,91. É mau de mais! Do ponto de vista fundamental, este aumento da dívida precisa de explicação e creio que a poderemos ter no dia 5, na apresentação de resultados, mas continuamos a achar que podemos ter lucros de 25 M€ em 2017 o que continua a fazer desta uma empresa barata!

Agora, é com cada um, sabendo nós que a bolsa não é sobre ter razão ou não; é sobre fazer dinheiro!

1 comentário:

  1. Boa Tarde

    mas a Joint/venture... sonae arauco nao trabalha maioritariamente em Euros ? com excepcao do mercado sul africano ?

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