29.1.17

BBVA e Ibex

Eis o nosso dilema: a banca está a dar cartas por todo o lado e tem sido o setor que está em inversão de ciclo no sentido correto, isto é, no sentido ascendente, mas na nossa triste terra os bancos foram todos com os cucos, de maneira que agora se queremos apanhar um bocado da corridinha que parece estar a começar o melhor pode ser emigrar! Emigrar é aqui, evidentemente, uma força de expressão, porque é por demais sabido que, nos dias que correm, em que podemos facilmente mandar vir lâmpadas para a casa de Guangzhou, ninguém nos impede de ir comprar ações onde muito bem nos der na veneta, sem sair igualmente da zona de conforto! Basta um clique no botão do rato!

Claro que nós, conservadores por excelência, habituados a ter toda a informação mais ou menos controlada e adeptos do investimento partindo do princípio de que o prazo óbvio é o curto prazo gostamos pouco de internacionalizar, tanto mais que os resultados obtidos nunca deixaram a desejar, mesmo mantendo-nos fiéis à bolsa mais agreste do mundo (a nossa)!

Porém, é evidente que se os resultados são regulamentares estando presos ao mercado mais espatifado à face da planeta, não deixa de ser lógico experimentar paisagens menos sombrias, pelo que resolvemos dar uma olhadela à banca lá fora! Como não queremos ir logo para muito longe, ficamos já aqui ao lado na vizinha Espanha.

Para começar, olhamos para o BBVA, banco que apresentará resultados ao mercado na próxima quarta-feira, esperando-se um lucro por ação de 0,15€ (0,59€ estimado para o ano). Do ponto de vista fundamental, o banco tem desafios muito importantes, pois 40% do lucro provêm do México que, como toda a gente sabe, não tem tido a tarefa fácil, não só por causa da crise social e económica que é endémica (na semana passada, por exemplo, a subida de 20% dos combustíveis, motivada em parte pelos mínimos históricos do peso, espoletou uma enorme turbulência nas ruas), mas também por causa das ideias do arquiteto paisagista e big brother sentado na Casa Branca mais a norte! Outra fonte de preocupação para o banco biscainho é a Turquia de onde provém mais uma fatia importante das receitas e onde a lira também tem estado a afundar, apesar de a premiere brexista Theresa May ter ido lá dizer que agora é que vai ser com a troca que os ingleses vão operar da UE pelos turcos (tá boa!).

O banco está avaliado em bolsa em mais de 42 mil milhões de euros e tem um PER de 11. O rácio de capital é confortável e está neste momento nos 12,3%. O maior trunfo do negócio é a enorme dispersão geográfica e as oportunidades de expansão que apresenta, nomeadamente, na América Latina o que, juntamente com o crescimento económico em Espanha, podem fazer crer que há margem de grande progressão para os lucros.

Quanto ao que verdadeiramente interessa, isto é, o gráfico, ei-lo:


A razão pela qual escolhemos o BBVA e não outro como o Bankinter, que tem um gráfico mais airoso, ou o Santander que já apresentou resultados, está naquilo que nos parece ser a clareza do gráfico. A quebra daquela linha vermelha manda comprar com alvo na zona dos 7,3-7,5€. Se os resultados forem bons e houver sell on the news (o banco subiu quase 50% em 6 meses), vai ser interessante comprar no embate na Lta, hoje na zona dos 6,10€, sabendo nós que, em caso de quebra, podemos vir parar aos 5,60€!

Uma palavra para o IBEX onde o BBVA é o quarto título com mais peso, com uma ponderação de quase 8%. Em nossa opinião, o IBEX está pertíssimo de um valor chave (toda a zona assinalada a amarelo), cuja quebra poderá catapultar as cotações para valores 10% acima. Enquanto essa quebra não se materializar, todas as entradas parecem, neste momento, precipitadas!

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