Quando, finalmente, deu por
finalizada a empreitada, o nosso ourives não se coibiu de fazer saber a todos
os habitantes da cidade e arredores o quão inviolável era o cofre que tinha
construído, de modo a que, chegando a notícia aos bandidos, estes desanimassem
de o tentar assaltar.
Mas a publicidade teve um
outro efeito que o ourives não antecipou: os bons cidadãos que tinham algumas
economias guardadas em casa debaixo do colchão, também tinham medo de ser
assaltados e perceberam que era ótimo se pudessem arrendar um espaço no cofre
do ourives para lá as colocar em segurança. Foi assim que o ourives passou a
receber as economias dos seus vizinhos, a quem passava um recibo sobre o peso
do ouro e da prata que guardava e de quem recebia uma pequena renda pelo
aluguer do espaço. Quando alguém precisava dos bens que o ourives guardava,
para fechar um negócio, só tinha que se dirigir ao cofre e recebia a mercadoria
contra a apresentação do recibo.
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