3.7.18

Dinheiro (parte 1)

Era uma vez um ourives que vivia numa cidade distante, há muito, muito tempo atrás. Nesse tempo, o mister do ourives era converter o ouro e a prata em adornos que lhe acrescentassem valor, de modo a que pudessem ser trocados, com lucro, por mais metais e pedras preciosas. Mas como lidava com produtos que toda a gente desejava ter, o ourives vivia numa permanente aflição, com medo de salteadores que lhe descobrissem o buraco onde escondia os bens que produzia e as matérias-primas que ia comprando. Foi por isso que, a dada altura, se decidiu a canalizar parte dos lucros que obtivera para a construção de um cofre sólido o suficiente para desanimar os ladrões.



Quando, finalmente, deu por finalizada a empreitada, o nosso ourives não se coibiu de fazer saber a todos os habitantes da cidade e arredores o quão inviolável era o cofre que tinha construído, de modo a que, chegando a notícia aos bandidos, estes desanimassem de o tentar assaltar.

Mas a publicidade teve um outro efeito que o ourives não antecipou: os bons cidadãos que tinham algumas economias guardadas em casa debaixo do colchão, também tinham medo de ser assaltados e perceberam que era ótimo se pudessem arrendar um espaço no cofre do ourives para lá as colocar em segurança. Foi assim que o ourives passou a receber as economias dos seus vizinhos, a quem passava um recibo sobre o peso do ouro e da prata que guardava e de quem recebia uma pequena renda pelo aluguer do espaço. Quando alguém precisava dos bens que o ourives guardava, para fechar um negócio, só tinha que se dirigir ao cofre e recebia a mercadoria contra a apresentação do recibo.


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