7.7.18

Dinheiro (parte 5)

Se a maior parte do ouro permanecia no cofre imenso tempo sem ser levantada, com a invenção das notas de banco, o banqueiro ex-ourives conseguiu fazer com que os levantamentos fossem ainda mais raros e o ouro ficasse esquecido praticamente ad eternum.


É que, não só os depositantes não necessitavam de andar com metal pesado nas carteiras, pois podiam limitar-se a trocar pedaços de papel, como também a atividade de prestamista podia ser levada a cabo com notas do seu banco.


Claro que, para que isso fosse possível, era necessário que as pessoas tivessem a certeza de que, sempre que assim o entendessem, podiam pegar nas notas que possuíam e apresentar-se no banco para receber o ouro correspondente em troca e que esse ouro seria entregue sem a mínima hesitação. A isso chamava-se confiança, um ingrediente sem o qual a actividade bancária estaria arruinada, como o nosso banqueiro não tardaria a perceber.


O ser humano é, como sabemos, um animal estranho. Inicialmente, tem medo e mantém-se na defensiva, mas se o sucesso despontar, vem a confiança que, cedo, se transforma em ganância.


O banqueiro da nossa história, que é afinal uma imagem de todos os banqueiros da História, vivia angustiado com um problema. A quantidade total de ouro na posse dos seus clientes era, obviamente, bastante limitada. Afinal de contas, o ouro é um metal precioso, entre outros motivos, porque é bastante raro. De maneira que chegaria o momento em que, inevitavelmente, o seu negócio estagnaria, porque não haveria mais ouro para captar e, dessa forma, os empréstimos teriam que cessar. Tanto matutou sobre o assunto, tanto refletiu, que, a dada altura a solução apareceu-lhe na forma de epifania. E se…



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