Hoje, tardíssimo mas esperamos que ainda a tempo, lá nos decidimos a pôr umas pilecas na EDP Renováveis. Por ser tão tarde, fizemo-lo a medo e só mesmo para marcar posição, mas chegamos à conclusão de que o mercado anda a comprar a ideia de oferta da EDP pelas ações que ainda não tem na Renováveis (17%) e que o preço vai ter que ser bom para convencer os que foram enganados desde a OPV.
O apalermado de tudo isto é que nós já tínhamos metido essa ideia na cabeça há algum tempo, até porque tínhamos lido abundantemente sobre essa possibilidade e dito que sim, mas fomos burros ao ponto de nos deixarmos dormir no pedaço. Aliás, vejam lá no gráfico a nossa linha verde, a tal cuja quebra em alta obriga a pôr o trambolho todo a laborar e nós nada! Dá vontade de pegar nos neurónios que ainda estão a funcionar e esbofeteá-los um a um para aprenderem a fazer como deve ser o trabalho que lhes incumbe. É pena não poder educá-los dessa forma porque tenho a sensação que os sacaninhas não afinam se os ameaçarmos apenas à base de estupefacientes e vinho moscatel. Pelo contrário: até gostam, os viciados de merda. Deve ser da genética!
Vou-vos dizer o que penso da EDPr, mas é capaz de ser melhor, como estudo introdutório, que leiam o que dissemos da última vez que falamos da OPA sobre a EDP (o que tem a vantagem acrescida de confirmar in loco, da frente para trás, como tudo isto é volátil).
O César Borja fala em 13 euros, o que avalia a Renováveis em 11,34 mM€ e obriga a EDP a atravessar-se com quase duas mil buchas. É caro, mas reparem que se trata praticamente do valor que a chineses oferecem pela EDP toda, o que significa que para os homens de olhos em bico o resto da nossa elétrica é praticamente dívida. Duvido que estejam a pensar sensatamente porque o que o tuga paga pela eletricidade faz o serviço de dívida e ainda dá para comprar mais reforçando investimento, por exemplo, nos EUA.
Ora todos sabemos que aos da China interessa-lhes é a renováveis, até porque crêem precisar do know how para tratar do gravíssimo problema de poluição que têm lá na terra deles e gostavam muito de se enfiar no negócio americano. Esta última é a parte que levanta mais dúvidas a toda a gente, mas não se esqueçam de que estamos num glorioso mundo novo e, no fim de contas, a guerra comercial vai ser uma batalha à Trump! Do tipo we will have no choise but to totally destroy North Korea...
and then make lots of love!
Voltemos à Renováveis.
Vejam como eu vejo que o mercado está a raciocinar.
A EDP está a ser opada e quando se está a ser opado queremo-nos fazer de caros porque quanto mais caros formos vendidos, maiores são as comissões e, um pouco menos importante, mais ganham os acionistas! Lógico.
Os chineses querem a EDP porque a EDP tem 83% da Renováveis e só tem 83% porque o mercado não vendeu mais àquele preço à moda do Mexia que os pantomineiros ofereceram no ano passado (quem vendeu é que foi burro, carago!). Se agora a EDP comprar o que falta da Renováveis e se comprar bem caro valoriza os 83% que tem e, obviamente, valoriza-se a si própria colocando pressão para que os chinos revejam o preço da OPA. Por ora, parece que o Mexia e o Manso estão apenas a colocar as tropas no campo de batalha e a apresentar o armamento, mas para levar a medalha de ouro dos gestores de empresas de monopólio de cá da paróquia vão ter que dar um golpe verdadeiramente arrojado. E depois de terem faturado milhões a cravar rendas estapafúrdias aos portugueses que fizeram da EDPr uma das maiores plantadoras de ventoinhas do hemisfério ocidental, 10 anos passados depois de terem deixado meio mundo boquiaberto por terem privatizado uma empresa de eólicas a um preço de arrepiar os cabelos (o que lhes rendeu prémios de gestão à americana), só falta mesmo uma jogada marada para deixá-los nos anais da manobragem empresarial lusa.
Reparem: não quer dizer que vá acontecer, nem que seja uma situação provável ou coisa que o valha, mas é uma onda lógica para ser surfada e o mercado anda a entreter-se com ela. E a coisa está em máximos, senhores! Não é preciso dizer mais nada: está em máximos!
Claro que os chinos também têm lá, onde tudo acontece, as suas equipas de sapadores que devem estar a fazer tudo para que não haja OPA da EDP à EDPr, estando para já a contar o preço de 6,75€ da OPA do ano passado (o que avaliava a renováveis em menos de 6000 milhões), e que justifica que eles avancem com valores baixos pela própria EDP. Esse trabalho de sapa revestir-se-á, por certo, de todos os atributos que não duvido que conseguirão imaginar.
Há, é evidente, e tem-se falado nisso, a hipótese de uma OPA por terceiros à EDPr, situação que passaria por comprar diretamente a posição que a EDP adquiriu no ano passado e tudo o resto que possui. Deve ser aqui que o Borja coloca a fasquia nos 13 euros. O problema que se coloca nesse caso é o problema das empresa eólicas. O negócio, sejamos francos, não é rentável, a não ser que o petróleo se torne caríssimo, situação que só será possível se houver novamente cartelização como acontecia antigamente, ou se aparecerem almas caridosas como a alma portuguesa que não se importa de pagar muito mais pela luz do que paga em ordenados! Como a maior parte dos povos deste mundo não anda na vida a fazer caridade a Pinhos e Mexias, não vejo que haja hipótese de se pagar 11 mil milhões de broas por uma empresa que produz eletricidade a partir do vento. E notem que já estou a contar que se use de todo o armamento disponível em torno das alterações climáticas para enaltecer as ventoinhas!
E com tanto vento, agora vou ouvir isto:
Em percentagem quanto representa a produção de energia eólica na EDPr?
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