5.7.18

Dinheiro (parte 3)

À medida que o tempo passava, o ourives foi-se apercebendo de que, desde que fizesse um estudo prévio dos clientes que lhe vinham pedir empréstimos e afinasse a taxa de juro com o risco de cada transação, podia reduzir a sinistralidade ao ponto de garantir um negócio bastante seguro e muito lucrativo.


Claro que, quanto mais emprestasse, maiores seriam os lucros, mas para emprestar com segurança, necessitava de captar a maior quantidade de depósitos possível. Por esse motivo, o ourives, que nesta altura do campeonato já se havia transformado naquilo a que mais tarde se viria a chamar um banqueiro, acabou com a cobrança de renda pelo espaço que os aforradores usavam no seu cofre, o que, evidentemente, convenceu mais gente a entregar-lhe as respetivas economias. Mais tarde, quando todos perceberem que o negócio é bom, e o ourives está a enriquecer, outros construírem cofres e a concorrência apertar, o nosso homem ver-se-á obrigado a partilhar parte dos lucros que obtiver com quem o escolher e passará igualmente a pagar juros. Mas por ora, tal ainda não é necessário.



Entretanto, com a riqueza que for acumulando, o ourives/banqueiro pode, não só construir outros cofres e expandir o negócio para outras cidades, mas também diversificar os produtos que comercializa, investindo em outros tipos de matérias-primas, financiando e tornando-se acionista de empreendimentos, ou criando redes de distribuição e transporte de dinheiro que lhe permitissem lucrar com taxas de câmbio. Quando chegar ao ponto de financiar o próprio rei e, por inerência, o estado, estará em condições de influenciar a situação política e terá caminho aberto para se tornar num magnata.



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