Por esta altura, o banqueiro
ex-ourives apercebeu-se de que muitos dos seus depositantes procediam a
pagamentos mais avultados entregando o recibo que o banco lhes dera, em vez de
virem ao cofre levantar o ouro que tinham depositado. Isso deu-lhe a ideia de
produzir recibos estandardizados, com valores bem definidos que permitissem aos
depositantes proceder a pagamentos de qualquer montante, sem terem a
necessidade de levantarem o ouro que estava depositado. Desde que houvesse
confiança no mercado de que o valor marcado no recibo correspondia efetivamente
a ouro depositado no cofre, os recibos eram transacionados como se de ouro se
tratasse, deixando intacta a riqueza para que o banco procedesse a empréstimos.
Mais tarde, os recibos do banqueiro viriam a receber o nome de notas de banco e
estariam a caminho tempos em que as notas de banco nada mais teriam do que um valor
fiduciário.
No tempo do ourives as
pessoas só confiavam no ouro e davam por adquirido que os recibos em circulação
correspondiam a metal físico, mas na banca moderna, o valor fiduciário de uma
nota de banco chega ao ponto de ser assegurado pelo próprio Deus em pessoa (que
religiosos nos tornamos!) que, evidentemente, tem o poder de engendrar in actum toda a riqueza que lhe
corresponde.
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