História nº 1 (terceira parte)
À medida que o tempo passava, o ourives foi-se apercebendo de que, desde
que fizesse um estudo prévio dos clientes que lhe vinham pedir empréstimos e
afinasse a taxa de juro com o risco de cada transação, podia reduzir a
sinistralidade ao ponto de garantir um negócio bastante seguro e muito
lucrativo.
Claro que, quanto mais emprestasse, maiores seriam os lucros, mas para
emprestar com segurança, necessitava de captar a maior quantidade de depósitos
possível. Por esse motivo, o ourives, que nesta altura do campeonato já se
havia transformado naquilo a que mais tarde se viria a chamar um banqueiro,
acabou com a cobrança de renda pelo espaço que os aforradores usavam no seu
cofre, o que, evidentemente, convenceu mais gente a entregar-lhe as respetivas economias.
Mais tarde, quando todos perceberem que o negócio é bom, e o ourives está a
enriquecer, outros construírem cofres e a concorrência apertar, o nosso homem
ver-se-á obrigado a partilhar parte dos lucros que obtiver com quem o escolher
e passará igualmente a pagar juros. Mas por ora, tal ainda não é necessário.
Entretanto, com a riqueza que for acumulando, o ourives/banqueiro pode,
não só construir outros cofres e expandir o negócio para outras cidades, mas
também diversificar os produtos que comercializa, investindo em outros tipos de
matérias-primas, financiando e tornando-se acionista de empreendimentos, ou
criando redes de distribuição e transporte de dinheiro que lhe permitissem
lucrar com taxas de câmbio. Quando chegar ao ponto de financiar o próprio rei
e, por inerência, o estado, estará em condições de influenciar a situação
política e terá caminho aberto para se tornar num magnata.
Sem comentários:
Enviar um comentário