História nº
1 (quinta parte)
Se a maior parte do ouro permanecia no cofre
imenso tempo sem ser levantada, com a invenção das notas de banco, o banqueiro
ex-ourives conseguiu fazer com que os levantamentos fossem ainda mais raros e o
ouro ficasse esquecido praticamente ad eternum. É que, não só os depositantes não necessitavam
de andar com metal pesado nas carteiras, pois podiam limitar-se a trocar
pedaços de papel, como também a atividade de prestamista podia ser levada a
cabo com notas do seu banco.
Claro que, para que isso fosse possível, era
necessário que as pessoas tivessem a certeza de que, sempre que assim o
entendessem, podiam pegar nas notas que possuíam e apresentar-se no banco para
receber o ouro correspondente em troca, e que esse ouro seria entregue sem a mínima
hesitação. A isso chamava-se confiança, um ingrediente sem o qual a atividade
bancária estaria arruinada, como o nosso banqueiro não tardaria a perceber.
O ser-humano é, como sabemos, um animal
estranho. Inicialmente, tem medo e mantém-se na defensiva, mas se o sucesso
despontar, vem a confiança que, cedo, se transforma em ganância.
O banqueiro da nossa história, que é afinal uma
imagem de todos os banqueiros da História, vivia angustiado com um problema. A
quantidade total de ouro na posse dos seus clientes era, obviamente, bastante
limitada. Afinal de contas, o ouro é um metal precioso, entre outros motivos,
porque é bastante raro. De maneira que chegaria o momento em que,
inevitavelmente, o seu negócio estagnaria, porque não haveria mais ouro para
captar e, dessa forma, os empréstimos teriam que cessar. Tanto matutou sobre o
assunto, tanto refletiu, que, a dada altura, a solução apareceu-lhe na forma de
epifania. E se…
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