4.8.16

O capital ista - Parte 7

Sempre sem parar passou por todas as capitais da América central, entortou para Caracas e foi direto a Paramaribo. Em todas elas tirou fotografias (mais tarde arrependeu-se de não ter parado, porque a maioria ficou desfocada) e mesmo nos mercados e nas roulotes de enchiladas havia alguma coisa dentro dele que o impedia de parar e ficar quieto. Numa fila na Venezuela acabou mesmo por levar um par de estalos por ter passado à frente das donas de casa, mas no geral, a passo de corrida, a viagem fazia-se de uma forma que evitava vários inconvenientes que o afligiam nas alternativas mais convencionais: não estava sujeito a horários, não gastava dinheiro em bilhetes nem em combustíveis, não vivia sobressaltado com a incompetência de um qualquer condutor adepto da pinga, etc. 

Nem para dormir parava, pois tinha desenvolvido uma inovadora capacidade para adormecer nas retas, embalado pelos solavancos das suas pernas hiperativas. Calculava mentalmente o tempo que podia cochilar, com base na extensão do percurso, e encostava a cabeça a um amparo próprio que entalava entre o ombro e as orelhas. Para tomar banho e fazer a higiene pessoal usava os rios, que fazia questão de passar a nado.


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