História nº 1 (segunda parte)
Com o tempo, a fama de solidez e fiabilidade do cofre do ourives e a sua
honestidade pessoal foram crescendo e mais e mais gente foi ganhando confiança
para se decidir a confiar-lhe a guarda dos seus bens mais preciosos.
O nosso ourives, por outro lado, foi-se apercebendo de que havia sempre
gente que vinha depositar ouro ou prata, ao mesmo tempo que outros vinham fazer
levantamentos, mas, a maior parte das pessoas deixava o ouro e a prata no cofre
por muito tempo, pois o que iam ganhando no trabalho do dia-a-dia chegava para
fazer face às despesas correntes. De maneira que havia uma grande porção de
ouro e prata que ficava pura e simplesmente guardada no cofre sem uso nem
serventia.
Claro que o ourives não podia usar esse ouro para produzir produtos para
vender, como fazia com o seu próprio fornecimento, e com o lucro comprar mais
ouro, repondo o stock inicial, mas havia uma forma alternativa de rentabilizar
toda aquela riqueza e que, ainda por cima, implicava muito menos esforço do que
o necessário para produzir peças de ourivesaria: o ourives podia emprestar
aquela parte dos metais precisos que ficava sempre imobilizada a quem necessitava
de capital para avançar com compras ou proceder a investimentos, por um prazo
pré-estabelecido, contra o pagamento de um juro previamente acordado. Desde que
o ouro fosse devolvido no prazo acordado, ninguém daria pela falta dele e todos
ficariam a ganhar!
Sem comentários:
Enviar um comentário