COMENTÁRIO
O mercado português está numa situação de tão grande indefinição que parecemos marias (sem desprimor para as que começam o nome com maiúscula), de mãos atadas na cabeça sem saber para onde cair.
Para além de ainda estarmos todos meios doridos depois da coça da semana passada, há vários fatores que aconselham prudência: aumentos de capital (reais e em potência), situação técnica periclitante do PSI20 e de muitos títulos, eleições europeias no final da semana, com possível vitória de nacionalistas em vários países, que nos podem vir a fazer a vida mais negra, risco de aumento da taxa de juro da dívida pública no mercado secundário, e o famoso fator calendarístico sell in may and go away.
Por outro lado, depois da queda arejadora, algumas empresas parecem estar a preços bastante apetecíveis, e há sinais de que pode haver condições para reatar o bull market:
- os índices americanos continuam a flirtar com máximos históricos;
- o DAX alemão também anda lá perto;
- tem-se falado das eleições europeias como o grande travão a uma ação mais efusiva do BCE nos mercados e há quem considere que, a partir de junho, podemos ter um pacote de compra de obrigações capaz de levar a economia e, consequentemente, a Bolsa definitivamente para cima;
- a queda devida aos AC, em princípio, esgotar-se-á logo que estes estejam concretizados (e o do BES já está a decorrer) e com dados económicos sistematicamente favoráveis há condições para a recuperação do nosso índice.
Deixem-me falar em particular de 4 títulos:
- O BCP é um dos favoritos de muita gente e tem dado muito dinheirinho a ganhar, se bem que ultimamente esteja a passar por um período de baixa de forma. Ontem o Goldman Sachs (GS), que é conhecido por não dar ponto sem nó, veio lançar um price target (PT) de 0,21€ para as ações (segundo percebemos aqui no NeB para depois do AC, o que coloca as coisas ao nível do exorbitante). Os PT têm um valor muito relativo e não os devemos usar como guia seja para o que for: na Bolsa devemo-nos guiar exclusivamente pela nossa cabeça e acreditem que se os fulanos que lançam os PT soubessem o que estavam a fazer, provavelmente, não precisavam de estar a fazer análises e a lançar PT. Adiante. A novidade desta análise é o facto de vir precisamente do GS. É que esses meninos não costumam brincar em serviço e se lançam esse PT é porque precisam de quem os ajude a levar o preço até lá. Digo eu! Juntando a isto o facto de os concorrentes da Blackrock se terem atravessado no BES, e de Portugal estar na moda entre as casas de investimento, não me custa nada a acreditar que os artistas do GS estejam a preparar uma entrada em força no BCP. Se assim for, quem somos nós para não irmos deitar uma mão?
- No BES começa amanhã a negociação dos direitos ao preço de 9,43 cêntimos (com o ajuste da cotação do banco para 88,6 cêntimos). Se for como é costume, vamos ter queda a partir do segundo ou terceiro dia, para recuperar nos dias finais da negociação. É capaz de ser boa ideia acompanhar a negociação dos direitos. É que uma desvalorização do BES vai ser bastante ampliada nos direitos.
- A JMT, que aqui analisamos há dias, com possível presença de um animador cup and handle no gráfico, caiu forte hoje, colocando em causa a ativação da figura. Diríamos que ainda não está tudo perdido (mas pode ficar já amanhã): confiram no gráfico abaixo:
- A Mota foi a empresa coqueluche do ano passado, mas agora ficou sem gasolina e, como se isso não bastasse, foi pela ribanceira abaixo. Ainda não pifou de vez, mas o caso está bicudo. Mesmo ao jeito, portanto, dos mais aventureiros: deitem-lhe uma mão que ela é rapariga para pagar generosamente. O gráfico diz tudo: ou sobe agora... ou desce!
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