Não sou um rapaz idoso, mas lembro-me perfeitamente de ter negociado Sonae Indústria (a Sonae original, que antecedeu os hipermercados e os centros comerciais) na casa dos 10€, na altura em que a Sonae se gabava de ter a maior empresa de estratificados de madeira do mundo (para não ficarem a pensar que eu tenho noventa anos, ou coisa que o valha, deixem-me esclarecer que isto já se passou no século XXI).
A mim fazia um bocado de impressão essa de nós termos a maior seja o que for do mundo (não confundir com melhor, como é o caso de ter o melhor futebolista do mundo, ou uma coisa desse género). E isto não só porque ser o maior do mundo é uma coisa tão exagerada que até acaba por se tornar um tanto ou quanto saloia, mas também porque é estranho nós, sendo tão pequenos, acabarmos por levar essa espécie de taça.
Escusado será dizer que a coisa deu para torto e a ânsia de crescer até ao céu acabou em estatelanço, como sucede quase sempre.
Apesar disso, no início deste ano ainda cheguei a acreditar que a empresa estava a dar a volta por cima e que seria a grande aposta do ano, a Mota de 2014. Afinal de contas, tinham aparecido compradores para duas fábricas em França que, ao contrário do costume, não tiveram de ser, pura e simplesmente, fechadas, o que parecia demonstrar que a empresa tinha valor - infelizmente, a coisa não se revelou sólida e, apesar de não ter feito investigação sobre o assunto, desconfio que as fábricas foram entregues por tuta e meia!
Tecnicamente, a quebra do suporte do 0,72-0,74 era uma venda evidente, e quem não foi disciplinado já teve o castigo (que, por certo, não mereceu). Só hoje o desfalque vai em 10% em relação a ontem, para estar a cotar nos 0,54€. A quem lá anda desde lá de cima o nosso abraço solidário!
Entretanto, a empresa anunciou ontem, no meio de um prejuízo trimestral de 26 milhões de lecas, que vai fazer um aumento de capital, isto é, vem pedir mais dinheiro aos acionistas.
Para investir? Não, porque a capacidade instalada é tão excessiva para a procura existente que vai ter é que encolher e voltar ao tamanho que convém a uma empresa de um país pequenino e salvo in-extremis da falência. Então para que é o dinheiro? Eu não sou bruxo, mas com tanto prejuízo e uma dívida de 600 milhões, chega uma altura em que a corda começa a apertar, te começas a contorcer todo e agarras-te ao que puderes, como se te estivesses a afogar!
No fim, é sempre boa ideia analisar a coisa, até porque o negócio pode estar mesmo a arrebitar, mas olhem que o dinheiro custa muito a ganhar!
Sem comentários:
Enviar um comentário