4.5.14

Os gráficos e as tomadas de decisão em Bolsa


No post anterior, vimos como a análise do gráfico do comportamento de uma ação numa sequência recente de dias, no caso concreto do Banco Espírito Santo (BES), podia fazer despoletar aquilo que designaríamos por um sinal de compra para um trade (pelo menos) de curto prazo na referida ação.

Sobre análise técnica de gráficos falaremos com mais desenvolvimento lá mais para a frente, mas, de momento, diríamos apenas que, desde a década de oitenta do século passado, a maior parte dos traders passou a considerar a análise técnica como uma ferramenta privilegiada na tomada de decisões em detrimento, por exemplo, da análise fundamental em que se avalia o real valor contabilístico das empresas em função de diversos parâmetros como os resultados que apresenta, a dívida que tem ou as perspetivas de crescimento do negócio. 

Claro que os mercados não param e, embora estejam  fechados ao fim-de-semana, evidentemente continuam a passar-se coisas no mundo que influenciam permanentemente as cotações dos mais diversos títulos e mercadorias. Desde o fecho de sexta-feira, por exemplo, a Ucrânia ficou mais perto da guerra civil, Portugal deve anunciar uma saída limpa do programa de ajustamento (ficaremos a saber daqui a pouco se haverá surpresas), os juros da dívida pública desceram um pouco mais e os mercados americanos acabaram a semana em queda. Entretanto, teremos a negociação no Japão e nas restantes bolsas do oriente durante a nossa madrugada de segunda-feira e a saída de números económicos importantes na China (como o índice de compras da empresas). Estas e outras notícias são incorporadas pelos mais diversos atores dos mercados e quando a Europa abrir amanhã todo o sentimento pode estar de pernas para o ar. 

No limite, podemos ter o sinal de compra no gráfico do BES transformado imediatamente num sinal de venda.

Ao Negociar em Bolsa temos que, acima de tudo, ter a mente aberta e identificar quando erramos. E, se tal acontecer, agir em conformidade e fechar a posição. Esta é a verdadeira dificuldade do trading: por defeito, nós não estamos nada formatados para assumir erros e muito menos conseguimos fazê-lo com a rapidez e lucidez necessária. Na Bolsa há uma máxima que devemos ter sempre presente: na dúvida, preserva-se o capital!

Por outro lado, há uma dificuldade muito grande em perceber se houve erro da nossa parte ou se estamos a assistir a um movimento natural (ainda que mais exacerbado) do mercado. 

Voltando ao gráfico do BES, por exemplo. Um dos motivos que nos levou a declarar um sinal de compra foi a quebra em alta das médias móveis dos últimos 20 e 50 dias (EMA20 e EMA50 - depois explicaremos o que são). Logo, será lógico que uma quebra em baixa dessas médias móveis, que estão na zona dos 1,31€, desde que feita consistentemente e com forte volume, constitua um primeiro sinal de invalidação do sinal de compra. A total inversão do sinal de comprar dar-se-ia com um fecho abaixo do fecho de quinta-feira, por volta dos 1,27, e um claro sinal de venda ocorreria, na nossa opinião, com uma quebra em baixa e volume elevado da EMA150, que se encontra nos 1,24€ (embora os 1,20€ tenham constituído suporte anterior e ainda possam segurar a cotação).

Como vêem, quem quer Negociar em Bolsa tem que ter espírito aberto e delinear permanentemente um plano. É a falta destes dois pré-requisitos que leva tantos investidores a terem insucesso e a sentirem-se frustrados na Bolsa. Lembrem-se que não há mal nenhum em assumir erros e perder dinheiro em alguns trades mal sucedidos. O que interessa é que preservemos o nosso capital para podermos voltar à carga mais à frente: a Bolsa continuará lá, a nossa espera.  


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